Não passei a vida em brancas nuvens.
Se eu morrer hoje, morro muito feliz.
Nos verdes anos da juventude
acalentei alguns amores
até a chegada do príncipe,
que se desencantou ao longo dos anos.
Mas o que é eterno nesta vida?
Nada é eterno, nada é para sempre!
Pessoas passam por nossa vida,
deixam o seu perfume,
e levam um bocadinho do nosso,
para que um dia
quando as saudades baterem forte,
possam fechar os olhos
e sentirem o nosso perfume,
as palavras trocadas,
o amor compartilhado.
Aquele que ama sempre é bendito,
sempre se enriquece,
ainda que o amor não seja correspondido,
ou seja apenas uma farsa, uma fantasia.
Amores virtuais chegam
e nos envolvem em sua aura de magia.
Alguns se tornam reais,
outros não..são tão voláteis quanto
versos não salvos que evaporam
quando as luzes repentinamente
se apagam!
E há que se ter um estoque de palavras,
de sentimentos, de emoções,
para que se recoloquem novos versos,
se busquem novos amores,
se reconheça que o virtual se alimenta
de emoções muitas vezes tão efêmeras,
que duram breves instantes.
Mas que nesse encantamento,
as carências existenciais encontram
um porto seguro, um preenchimento,
uma companhia de algumas horas.
Há quem diga que as paixões virtuais
não tem corpo, nem tem alma.
Eu diria que elas alimentam tanto o corpo com suas necessidades fisiológicas,
quanto à alma em busca de sua outra cara metade,
sua outra porção, seu outro similar.
E tantas vezes, quando encontramos alguém
que nos parece perfeito,
há empecilhos por demais,
que fica muito melhor que se afastem,
que vivam cada um a sua vida,
guardando como recordação,
os poucos momentos de um encantamento duplo,
quando os universos se desvelaram,
se despiram de seus trajes de gala,
se despojando das gentis máscaras
que muitas vezes usamos,
até para poder disfarçar
uma tristeza passageira,
um sentimento de abandono,
uma rejeição fora de época,
uma angústia que aperta o peito.
Mas o que é a vida senão
um sinuoso rio que nos leva
entre flores e seixos
a serpentear
a se iludir
a sonhar
E vamos caminhando vagarosamente,
saindo da beira do rio,
às vezes com cesto de flores,
outras vezes
com o coração cheio de amargores..
E vamos indo, sopesando a vida..
vamos chegando ao pé da montanha.
Olhamos para o alto!
A subida íngreme nos faz sentar um pouco,
retomar o fôlego, proteger os pés,
tomar uns goles de água,
fazer o sinal da cruz..
e com ela subir pelas escarpas,
sem olhar para trás!
Apenas os olhos fitos no cume,
subir e subir sozinha...
apenas Deus
a nos segurar pela mão,
afagando o coração,
cicatrizando as feridas da alma.
E quando lá no alto chegarmos,
depois da árdua subida,
sentiremos que valeu a pena viver tanto,
valeu a pena ter amado tanto,
ter sido um grão de areia
na imensidão do universo
e ainda assim, ter plantado aqui e ali
algumas sementinhas de amor.
Então, abrimos os braços
como se o céu fosse nos acolher.
Fechamos os olhos,
e apenas sentimos
a brisa a embalar o nosso corpo
e o chilreado dos pássaros em nossos ouvidos.
E aterrisamos em nuvens de algodão
recheada de todos os sonhos
reais e fantasiosos,
que tivemos ao longo da jornada terrena,
pois foi neles que sentimos
o encantamento e a plenitude da vida,
que aparamos as nossas arestas,
e sobretudo deixamos como legado à nossa prole,
aos nossos tantos amigos e amigas do corãção,
o reforçado ensinamento de Cristo, nosso Mestre
Ama ao próximo como a ti mesmo!
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