Negocio com o vento
a morna descendência das nuvens
vértebra alada conjugando-se
no ritmo de curvas semoventes no azul
plaino.
Não há vôo que renda mais que a palavra
nesse negócio de asas.
Ação ácida negada no ágio da algibeira
sempre pontual apontando poemas.
A possessa invenção
vôo devassado em transgressão
do sonho a se alçar ao dessabido
em direção consentida
ao beijo
o inalcançável
nem sempre tatuado
nas laudas exsudadas.
Ó poesia
a quanto obrigas!
Já me vi anjo de uma asa só
debandado assaz desossado
na selva escura e selvagem
o fígado à mostra para os abutres
(mas sempre tangendo a lira).
Ah, fel dos momentos!
Cinza dos instantes!
O poema apenas presságio para a ponte.
O ócio que negocio não é negócio
Apenas
nem solo só
na dança das palavras
nas tintas de todas as tardes
não se me vendo poema.
Só me concebo Fausto
no pacto do enigma
em duas asas plaino
pleno
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