Seu coração me tocou, seu coração eu senti, vi ao fim de um longo
túnel negro um universo branco de paz eterna.
Seus olhos eu mirei, vi o Universo inteiro dentro deles.
Suas mãos eu beijei, senti uma humildade infinita e fluente, que não
parecia eu.
Sua face alva eu admirei, senti o sorriso de seu amor despertando um
amor dentro de mim que eu não conhecia e nem acreditava.
Sua pureza espiritual me invadiu e me permeou, com suavidade materna,
por alguns momentos diluiu todo meu mal.
Seu véu branco se movimentava com a brisa e eu me aproximei de olhos
baixos e nele enxuguei minhas lágrimas.
Sua voz me abençoou e com vergonha de ser o que sou, me sentindo
impuro eu não quis te abraçar. Mas nem toda minha impureza resistiu a
sua voz inigualável e te abracei.
Já em prantos emocionados só me acalmei com suas mãos celestiais em
minha cabeça e minha nuca.
Abraçado por suas mãos e por sua aura eu me sentia um anjo feliz no
colo de Deus.
Acolhido em Seu seio eu ouvia violinos que embalam a criação do universo.
Pétalas de rosas de todas as cores caiam em cima de nós brilhando e
emanando luzes etéreas.
Até a grama sorria e agradecia abaixo e em volta de nós naquela relva.
O tempo parou na eternidade de um momento e meu egoísmo nunca mais
quis sair dali.
Eu não precisava e não queria mais nada, pois estava acolhido no colo
eterno e querido de minha mãe.
Até o sol sorria em seu brilho suave e não ofuscante, enquanto as
nuvens claras eram levadas pelas brisas de Deus e dos Anjos.
Fadas, Anjos e Elementais flutuavam e brincavam de roda em volta de
nós, com maior carinho e respeito.
Eu me sentia enlevado e inebriado como um anjo-bebê.
Quase pus o dedo na boca enquanto recordava de uma pureza espiritual
que há muito não sentia.
Mas a Mãe Divina não estava apenas me consolando, me acolhendo e me
amando.
Estávamos abraçados como mãe e filho queridos que se amam eternamente,
quase sem nos movimentarmos.
Os Anjos cantavam ao som de violinos de Deus e sem nos movermos um
centímetros a Mãe me levou para um passeio dentro de seu coração.
Mergulhamos juntos e de mãos dadas com um vôo volitivo não material,
não espacial, mas consciencial.
Então ela começou a falar mentalmente com sua "voz" angélica e Divina:
Eu Sou o feminino.
Eu Sou todas as mulheres do mundo.
Eu Sou a virgem, a devassa, a casta, a beata e a comum.
Eu Sou a rica e a pobre, a intelectual e a rude.
Eu Sou a mãe negra que sofre abandonada nas favelas e guetos.
Eu Sou a mulher índia explorada por todas as sociedades e eras.
Eu Sou a madame rica e fútil que vive nas compras e fofocas.
Eu Sou a mulher valorosa e voluntária que serve abnegada e anônima no
mundo.
Eu Sou a mulher ofendida, humilhada e estuprada, muitas vezes por seu
próprio marido.
Eu Sou também a mulher feliz e equilibrada no seio do lar.
Eu Sou a mulher sadia e a mulher doente e renegada.
Eu Sou a menina e a velha.
Eu Sou a feia e a bela.
Eu Sou a mandona e a servil.
Eu Sou a Mãe do mundo e Mãe da humanidade.
Eu Sou sutil, yin, suave e maternal.
Eu Sou Mãe e te amo!
Eu amo toda humanidade!
Eu Sou Deus na manifestação do feminino.
Vá, volte para o mundo e diga que me viu e que te abracei.
Diga ao mundo para quando olharem para qualquer mulher sintam
primeiramente o respeito e depois a compaixão.
É a mulher que gera vida, que organiza e estrutura o lar e a família.
A mulher é o esteio e o ponto de equilíbrio.
Não importa quão "machos" e provedores sejam os homens.
Sem equilíbrio e sem respeito não há vida e nem felicidade.
Não se sintam sós, não se sintam abandonadas, vocês mulheres do mundo.
As que me procuram dentro de seus corações irão me encontrar.
Eu as consolarei.
Eu darei a força que precisarem.
Orem e meditem com fervor e concentração e Eu me manifestarei de forma
sutil, invisível, mas contundente.
Seja você, seja digna, seja mulher!
E vá com Deus cumprir os seus desígnios.
Obrigada Mãe! É amor demais para mim!
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