terça-feira, 9 de março de 2010

CHOVE NA MINHA INFÂNCIA

Uma chuva miudinha cai sobre a noite
que nasceu cheia de cinzentos
a prolongar-se pelo rio a fora,
no seu caminho para o porto de escalada.

A lua está encoberta e as nuvens
não cessam a chuva que vai caindo sem parar
isto durante o dia todo, o que me deixou
com um certo tom nostálgico e saudosista.

Recordo meu tempo de infância banhando-me
neste mesmo rio que na altura pululava de peixe
e crustáceos que nós apanhávamos movendo
os pés na lama para eles saírem à nossa vista.

Belos tempos em que a chuva era bem-vinda
para nos acompanhar nas nossas brincadeiras
de criança, sempre pronta a inventar mil mundos
onde reinava a horizonte o arco-íris do nosso riso.

Hoje tudo é tão assim e sem graça, nada é puro
o suficiente para voltarmos à nossa juventude
perdida por entre o relógio imparável do tempo
que tem suas medidas bem concretas e enfadonhas.

Olho pela vidraça… rios de água escorrem por ela
abaixo e passando a mão para limpar a humidade
paro a observar que ainda chove a bem chover
e que a minha infância ficou perdida nalgum mar.

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