segunda-feira, 22 de março de 2010

Às vezes sou outono

Às vezes eu sou outono, apenas uma estação,
um campo limpo pelo vento, sem flores,
o frio já anuncia sua chegada, é solidão que vem,
passa um sol e outro, o calor não fica.
O amor falta no peito, as palavras faltam na boca.


Às vezes sou outono, não sei o que quer dizer isso,
apenas ando de cá pra lá em meus pensamentos,
meu sorriso fica parado na lembrança de ontem,
tento guardar as mãos dentro dos bolsos,
como se fosse possível disfarçar a falta de amor.


Às vezes sou outono, pelas manhãs vazias, pelos atrasos,
depois, como um trem que não pára na estação,
as linhas das mãos ficam lisas sem o suor das suas,
sinto a roupa tão presa ao corpo como se fosse pele,
a boca sem o sabor daquele gosto de paixão.


Às vezes sou outono, tardes sem sol, apenas névoa,
a saudade desliza rua abaixo como enxurrada,
preciso mudar, mas não sei o jeito sem você,
chorar não, não tenho porque, é apenas outono,
às vezes lembro que amo, assim nem tanto outono.

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