sábado, 2 de outubro de 2010

Uma vez um dia

Uma vez um dia fui de mim,
deste mundo louco,
d’outra parte não fui ninguém,
ainda que sonhasse.


Uma vez um ano
só teve um dia,
e uma multidão de amores
não souberam da solidão.


Uma parte do sonho realizou,
cada vida noutro corpo,
outra parte morreu embriagado
dos amores que deliraram.


Um dia fui de mim,
sem almoço, sem jantar,
somente com parte do prazer
e o desejo a nos separar.


Uma parte de mim era fome,
permanente, que açoitava,
outra parte era prazer,
que só eu soube te entregar.


Uma vez um dia voltei pra mim,
tudo era velho e igual,
todos os amores que amei,
todas as línguas que falei.

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