quarta-feira, 14 de abril de 2010

Monólogo da Solidão

Não! Não sai de cena

Continuo ainda no palco

Onde desiludido, vejo-me

Só, a sufocar palavras e desejos

Posto que comigo não contracenas



De repente, sem quê nem porquê

Tornamo-nos apenas personagens

Nas entrelinhas de um texto e frio

Que me faz perder entonação e brio

Ao ouvir uma voz interior questionar:



Afinal, mudaste tu ou mudou o texto?

Embora faças parte, assim como eu

De um mesmo e teimoso contexto

Sinto que improvisas, que inventas

Representar é o que te contenta!



Sem os aplausos da platéia, como na estréia

Num palco, a que fui conduzido por tuas mãos

O espetáculo termina, cerram-se as cortinas

Sob as luzes da ribalta, chorando a tua falta

Coração vazio, saio de cena, volto à rotina



Nas ruas, sem palco, ribalta ou coxia

Num ambiente tosco, em plena escuridão

Aclamado por uma multidão louca e vadia

É onde me encontrarás, sempre a recitar

O monólogo da solidão!

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