Não! Não sai de cena
Continuo ainda no palco
Onde desiludido, vejo-me
Só, a sufocar palavras e desejos
Posto que comigo não contracenas
De repente, sem quê nem porquê
Tornamo-nos apenas personagens
Nas entrelinhas de um texto e frio
Que me faz perder entonação e brio
Ao ouvir uma voz interior questionar:
Afinal, mudaste tu ou mudou o texto?
Embora faças parte, assim como eu
De um mesmo e teimoso contexto
Sinto que improvisas, que inventas
Representar é o que te contenta!
Sem os aplausos da platéia, como na estréia
Num palco, a que fui conduzido por tuas mãos
O espetáculo termina, cerram-se as cortinas
Sob as luzes da ribalta, chorando a tua falta
Coração vazio, saio de cena, volto à rotina
Nas ruas, sem palco, ribalta ou coxia
Num ambiente tosco, em plena escuridão
Aclamado por uma multidão louca e vadia
É onde me encontrarás, sempre a recitar
O monólogo da solidão!
Sem comentários:
Enviar um comentário