quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

PELA ORLA DO MAR

Através do mar, pela orla, caminho
teus passos na areia, silente
guardo o teu segredo nos meus
olhos a horizonte, aonde nascem
as manhãs mais prenhes de vida
a despontar na nossa pele salgada.

A espuma do mar vai apagando
todos os nossos vestígios, mas
escutando um búzio é de tua voz
o som que chega até mim como
uma andorinha que não se foi
com a primavera, no último ocaso.

Vislumbro-te à minha frente em
cada vai e vem das ondas cavalo
e te desenho perfeita no areal
pedrinha a pedrinha
até te formar corpo visível
por mim tão desejado como amado.

No céu azul teu rosto parece sorrir
de meu ser desajeitado que te traz
à lembrança, entre algas e espuma
conchas que o mar vai depositando
na areia, junto às minhas mãos
que te vão esculpindo, grão a grão.

E são os ventos marítimos e as gaivotas
que me acordam para a tua presença
e o marulhar das águas, um pouco mais ao
longe, traz-me rosas brancas tão brancas
como a areia do mar, com as quais eu
vou enfeitando o teu cabelo, doravante.

Minha eterna musa que deixas o teu quê
do porquê de ser assim para mim, algo
de divino e grandioso, que as águas levam
e trazem, conforme meu desejo mais
discreto, e que te saúdam senhora de meus
sonhos despertos a cada novo amanhecer.

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