Quando procuramos entender o abstrato do amor, nossa visão interior se expande para além do visível, alcançando outros mundos de uma beleza imaginária, sem outra igual.
Não crer no que não se vê, é fazer oposição à verdade, é acreditar apenas no palpável, no plausível, sem ver a realidade do sentimento purificado na luz do invisível.
Bilac já dizia em seus versos eternos:
“Vós, que seguis a turba desvairada,
As hostes dos descrentes e dos loucos,
que de olhos cegos e de ouvidos moucos
estão longe da senda iluminada.
Retrocedei dos vossos mundos ocos,
começai outra vida em nova estrada,
sem a idéia falaz do grande nada,
que entorpece, envenena e mata aos poucos.
Ó ateus como eu fui — na sombra imensa
Erguei de novo o eterno altar da crença.
Da fé viva, sem cárcere mesquinho!
Banhai-vos na divina claridade
Que promana da luzes da Verdade,
Sol eterno na glória do caminho!...”
O descrente não acredita nem em si mesmo, sua existência não passa de uma grande mentira. Os tolos crêem, porque lhes ensinam a crê, mas o sábio acredita porque vê com a visão do coração, porque dispensa a emoção, para mais claramente assistir e sentir a luz primeira, incriada, emanada da fonte inesgotável do amor, sem mácula.
A verdade é para ser dita, ainda que poucos nela acreditem e muitos prefiram crer na mentira maldita.
Muitos sabem, por que lhes ensinaram desde o berço, por isso, ainda que na dúvida, creiam. O místico pondera, analisa e vê antes de crê. O sábio vai além, muito além dos ensinamentos mundanos, vai além da visão material, porque sua crença é real, estando além do bem e do mal, porque ele vê nele mesmo a verdade, e crê, pela própria razão da realidade de ser.
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