quinta-feira, 1 de novembro de 2007

AO ABRIR DE MEUS OLHOS

Penso não saber me identificar
Se em outro país fosse tentar viver.
Como será uma vida num lugar diferente
Com pessoas de costumes diferentes
Com línguas e grilos diferentes...

Como se comportaria esse meu povão
Se de uma hora para outra
Obrigados fossem fugir para outro país,
Como será que os receberiam?
Desde o momento em que fugimos de algo,
Nos mostramos fracos,
Não temos histórias
Não temos identidades
Não temos e não somos nada.

Quando aqui refugiados chegam
Eles têm todos os aparatos constituídos
Isto, aqui! E lá fora para nós brasileiros
Que não possuímos bens que servissem de troca,
Será que outros países aceitariam um cortador de cana
Como refugiado?
Creio que não!
Mas se tratando de um cortador de canas,
Seria uma ótima opção de mão-de-obra escrava.

Já aqueles que possuem bens,
É claro que estarão amparados
E pode ter certeza,
Nós que bens não possuímos,
A eles, passaríamos a tê-los como nossos senhores.
É o fechar de meus olhos
Quando penso que não falta muito
Pra que isso vem acontecer,
Recuso-me em aprender Inglês nas salas de aulas.

Penso não saber me identificar
Isso já faço com a polícia!
Se em outro país fosse tentar viver não seria o mesmo.
Por pior que seja sair daqui nem pensar!
Existe algo chamado luta.

Como será uma vida num lugar diferente?
Não me interessa, nem quero saber.
Aqui é meu lugar!
Viver com pessoas de costumes diferentes
Se acontecer, eles que tem que se acostumarem comigo! E aqui!
Com línguas e grilos diferentes...
Grilos se tiverem, só se for aqui! Eles que vão ter se aqui vierem!
A língua! A minha está na boca será, que eles não tem?
Ao abrir de meus olhos descubro!
Não nasci para viver entre os norte-americanos.

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