sexta-feira, 18 de maio de 2007

Luto

São de verdades os campos que fazem
ou que recriam o que sempre pensei existir,
não sabem dos sentidos do novo,
nem ao menos ao velho orifício tende a exibir.


Refletem novo céu, não mais azul,
nem tão pouco cinza, apenas um novo céu a ressurgir
nos horizontes antes abandonados pelos sonhos
que despertaram sem razão em algum porvir.


Sobre os montes, todos os santos prostram-se
diante a luz que traz em si o recriar consolador,
nada esperam, das bocas secas,
apenas o suspiro dos que na fé confiaram as próprias vidas.


Os olhos secos das lágrimas que formaram os rios,
buscam pelo brilho no corpo que feriu,
nenhum som, nem mesmo os gemidos que povoavam
a Terra se ouviu e sem alegria, a dor partiu...


Voltam vivos os que antes se entregaram amantes
a terra ressequida onde rugas marcam o tempo que foi,
levantam seus escudos e escondem-se moribundos no
medo que carregam nas mãos que o sangue tingiu.


Nada mais que o vazio e o que era deixa de ser sem poder
ao menos se despedir na luta da qual fugiu,
seguem sem destino os dispersos, que apáticos,
perderam-se na busca de algum sentido do tudo que se extinguiu.


Não há marcas sobre as pedras jogadas pelas estradas
onde antes a vida era vivida em esplendor,
como se fosse sempre o nada, o corpo ferido continua,
eu, caminho como se não sentisse mais dor.


O que antes recriava já não questiona,
nem tenta a aventura de amanhecer e o sol que tanto iluminava,
perde o brilho na luz que apaga na última centelha
onde em último suspiro lamenta a perda de seu calor.


Segue só o caminheiro, apenas de pó é feita a sombra
que margeia o rio que em solo tenta a canção,
busca o tom já esquecido, partituras de uma vida
que nem ao menos se despediu quando partiu em dó.


Seus pés feridos perdem-se nos sentidos que ausentes
mostram o caminho inexistente que ainda tem a criar
e assim simplesmente, mostra em si o universo que
no peito sem vida parece ainda querer respirar.


Talvez em algum céu, em algum tempo, algum talvez,
haverá de poder ressuscitar a alma que não se pode encontrar,
e então, todo ser haverá de acordar livrando-se
de um passado de maculadas histórias onde o sangue registrou.


Passo a passo toda verdade, tão temida e escondida,
a qual seu ego nunca aceitou,
mas que marcam a alma dormente, que em seus temores,
em alguma noite fria desistiu e se entregou.

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