quarta-feira, 16 de maio de 2007

Curvado corpo


Curvo sobre os braços nus meu corpo gelado,
que traça a curva torta, o molde adulterado;
eu, de longos cabelos negros, qual úmido feto
guardado em mim mesma, em silêncio, quieto.

Luzes se derretem em pingos grossos e retos,
que, ao final, se arredondam quais seios eretos
e seus brilhos trêmulos já não iluminam mais.
Escuros, os degraus se repetem sempre iguais.

Riscos de pó do chão gasto arranham a pele,
entranham-se nos poros, para que assim sele
a união bizarra, mistura anômala, contundente,
na intromissão negra ao líquido rubro, quente.

O vento frio invade, em intrusão, meu espaço
lambendo meu corpo, já gasto neste cansaço.
A estranha sensação que me ronda desenha
nos meandros do meu cérebro a resenha...

... dos inúteis fatos vividos e que desdenhas.

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