sábado, 5 de maio de 2007

CRIANDO ASAS

Grito solto ao minuano numa fuga às noites enluaradas
sobrescrevo em vermelho os negros versos nos outeiros
e me aquieto neste canto sorvendo a luz do jasmineiro
que me mostra no mosaico a passagem àquela estrada.


Nego-me à letargia do papel que escorre o veneno tão letal
amarro minha toada nas cordas da guitarra que me espera
e num vôo em desatino, só sigo o último sol de primavera
estremecendo na vesânia sem me importar c'o vendaval.


À sombra dos trigais desbasto o pincel com meu nanquim
acendo o castiçal que veste, reveste e ilumina o caminho
colorindo a última saída com o matiz do horizonte carmesim,


e sublimando o teu nome tatuado em meu sangue hoje e agora
subo as cordilheiras, junto a mim só teu amor e meu destino
e no último olhar, digo adeus, te amo, mas preciso ir embora.

Sem comentários: