domingo, 7 de fevereiro de 2010

ALENTEJO

Janelas coloridas abertas ao sol
paredes caiadas
de um branco puríssimo
portas em abóbada
lembrando outras histórias
souvenirs pendurados na parede.
De estradas empedradas
tu és feita
ó aldeia portuguesa
e enfeita-te a tarde
na mansidão das planícies
no sossego
de teu apego
à terra.
Candeeiros e iluminarias
realçam o azul do céu
animais percorrendo
tuas ruas estreitas
carregam alforges
e carroças de madeira
o poema que se perde
nas horas
de um entardecer
no fim do horizonte –
linha paralela
com seus trigais,
suave brisa nas espigas
enquanto anoitece
e a poesia acontece.
E as crianças e os cães
saem à rua
para correr e saltar
entre as searas
de teus planaltos
iluminadas as eiras
pela luz da lua
uma coruja parada
pia baixinho
junto ao sino
da igreja bonita
que os aldeões
ajudaram a erguer.
E antes da ceia
no chão a ajoelhar
reza-se pelo pão
fermentado
por mãos calejadas
amigas e familiares
que sabem da seiva
com que nasceu
este poema.

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