segunda-feira, 28 de setembro de 2009

ESSA TAL DE SAUDADE

Saudade sempre é um tema que deixa saudade, pois sobre saudade, muito há o que se falar, e nem sempre se fala tudo. É um sentimento indefinível, que tanto nos traz boas recordações, ou então tristezas passadas. Tudo que que foi vivido, de bom ou de mau, que nos fez bem, ou se fez mal, causa uma espécie de saudade.



Existem pessoas que se recordam com saudade de um determinado encontro amoroso onde teve um prazer um tanto quanto mais acentuado do que seria lícito esperar. Fica, então com recordação daqueles doces momentos flutuando em suas lembranças. Essa é a parte boa. A que pode não ser muito boa, é quando se defronta com as poucas possibilidades de um novo encontro. E em havendo, com a expectativa de que nunca será a mesma coisa, pois dificilmente a emoção do primeiro encontro se repete. Pode ser melhor, ou nem tanto...



Também existe a saudade de amigos, de entes queridos que se foram. Aí, se não existe nenhuma expectativa de reve-los, há que se curtir as boas recordações mesmo, sendo essa com certeza a melhor solução, a lembrança do que de bom se viveu.



Há também aqueles que, por circunstâncias se afastam da família. Tem que saber administrar a ausência, principalmente quando razões adversas impedem um reencontro.



Realmente, por vezes complica. É quando se diz que a "saudade dói". Não é uma dor física. Essa dor fica na alma. Sente-se e só se consegue minorá-la, com os meios de comunicação. Quem vive ou já viveu fora do País, ou tem entes queridos nessas condições, sabe bem do que estou falando.



Por vezes vem um nozinho na garganta e, para desmanchá-lo, tem que se usar o "método das boas lembranças". Mesmo que essas estejam meio distantes no tempo.



Por vezes, quando existe uma certa depressão, terapeutas colocam a saudade como sentimento que a gente tem, quando uma experiência ou vivência é interrompida antes de se completar, e que o resto seriam lembranças, e é por isso que se diz que a saudade dá aquela espécie de tristeza, aquela vontade de completar a vivência interrompida, e claro, nesse caso, realmente a solução será procurar as boas lembranças que ficaram, para se consolar, e sair da tristeza, ou procurar meios de completar a experiência vivida.....Entendo que é exatamente por aí, pois o que provoca a saudade, em certos casos, fica sendo apenas aquele algo mais que faltou naquela convivência com determinadas pessoas.



O que se pode dizer também, é que por vezes pinta alguém muito especial, que mexe ocm os sentimentos e, por circunstâncias, não se pode ficar junto. Nesses casos, a saudade chega a ser muita, sendo aquela saudade do que ainda não houve, do que se deseja viver, ou se houve, que se deseja repetir...



Mas, nesse caso, o que fazer? O melhor é procurar acomodar no mesmo pacote a saudade trazida pela ausência, com as recordações que motivam essa saudade e aí, quando começar a doer, abre-se o lado das lembranças, e o negócio é curti-las. Não é o medicamento definitivo, mas serve como paliativo.



Aplica-se também a animais de estimação, e até mesmo a certos objetos perdidos ou roubados. Claro que nesse caso não com tanta intensidade. Mas sempre será uma "vivência interrompida", que será mais ou menos dolorosa conforme o tipo de interrupção havida. Por exemplo, um HD queimado com tudo lá dentro, e sem back-up...



Pode-se também pensar em termos de viagens, lembrando aquele turista, por exemplo, que se preocupa tanto em fotografar a viagem, que deixa de vivê-la como poderia, e depois sente saudade do que poderia ter vivido ou feito, e não teve tempo, pois estava fotografando, esquecendo-se de que se as fotos guardam as imagens, o que é visto e fotografado com os olhos do espírito, permanecem para sempre no melhor álbum de recordações que é a memória...



Tive uma prova disso ao relembrar agora a viagem ao Congo. Não tirei muitas fotos. As melhores perderam-se pela ação do tempo. Não as consegui recuperar. Mas os fatos vividos ficaram gravados de forma indelével, e à medida que ia escrevendo, posso dizer que estava vendo um filme em três dimensões. Cheguei a sentir o cheiro daquela manada de elefantes, ou sentir o bafo da mamãe hipopótamo atrás de mim, resfolegando mais do que uma locomotiva... Bem como o tremor incontrolável que senti quando a leoa faminta deu aquela patada no pára-brisas do jipe.



Não tirei fotos e não precisei delas...



Saudade... recordações... por que será que nunca conseguimos resistir ao nozinho na garganta?

Bem crianças, para não se perderem mais no mar das recordações, vamos em frente, e que este seja UM LINDO DIA...

Sem comentários: