quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A potência excepcional do Gayatri Mantra

O homem hoje dissipa a sua vida completamente preocupado com os assuntos mundanos. Devido ao apego ao corpo, ele se esquece da sua Natureza Verdadeira, fica imerso nos assuntos mundanos e envolve-se na miséria. Ele considera o corpo como permanente e faz dos confortos físicos a sua meta na vida. Essas são as coisas que todo indivíduo experimenta na sua vida diária.

Personificações do Amor!
Se uma pessoa se aproxima de um indivíduo e lhe pergunta: “Quem é você?”.
Dado à sua identificação com o corpo, ele dá o seu nome em resposta. Em resposta a perguntas adicionais, ele se apresenta como médico, agricultor ou estudante, e outros mais. Quando o questionamento continua, ele se identifica com sua nacionalidade – como americano, indiano ou paquistanês, e assim por diante. Quando se examinam essas respostas profundamente, nota-se que nenhuma delas corresponde à verdade. Ele obteve o seu nome dos seus pais. Ele não lhe pertencia quando nasceu. A sua identificação com uma ou
outra das profissões não é verdade porque ele não é a profissão.

Corpo, Jiva e Átman
Qual é, então, a verdade a respeito dele? “Eu sou o Átman. Esse é o meu verdadeiro Ser”. Essa é a verdade. Mas as pessoas se identificam com os seus nomes, profissões e nacionalidades e não baseiam as suas vidas no Átman.
Nenhum motorista se identifica com o seu carro. Da mesma maneira, o corpo é um carro e o Átman é o condutor. Esquecendo-se da sua verdadeira função, o indivíduo está se identificando com o corpo, que é somente um veículo.
Essa verdade é ressaltada com ênfase pelo Gayatri Mantra.
Dehabudhyath dasoham
"No contexto do corpo, sou um instrumento, um servente".
Jivabudhyath thadamsah
"No contexto do Jiva, a alma individual, sou a centelha de That (o Divino)".
Atmabudhyath thvameva-aham
"Em termos do Átman, eu sou Tu".
(Versos em Sânscrito)
Quando um indivíduo se observa do ponto de vista átmico, ele é idêntico ao
Divino: “Eu sou Tu e Tu és eu”.

A mansão de três andares
Assim sendo, todo homem tem três aspectos. A nossa própria vida é como uma mansão com três andares. O estágio de brahmacharya (celibato) é o fundamento dessa mansão. Depois desse, o estágio do grihastha (casado – chefe de família) é o primeiro andar. Depois tem-se o vanaprastha (afastamento da vida de chefe de família), estágio como segundo andar. Finalmente, existe o estágio do renunciante (sanyása), que constitui o terceiro andar. Desse modo, brahmacharya é a base para os outros três estágios da vida. A segurança e a garantia dos outros três andares dependa da firmeza do alicerce (isto é, de brahmacharya). Portanto, brahmacharya é o fundamento
básico.
Porém, infelizmente esse fato importante tem sido esquecido pelas pessoas.
Elas sentem-se felizes olhando a super-estrutura. Mas o edifício inteiro pode ruir a qualquer momento se os alicerces forem fracos. Você deve se preocupar com as suas raízes. O fundamento invisível é a base da mansão visível. As raízes invisíveis são a base da árvore visível. Da mesma maneira, a força vital invisível (prána) é a base do corpo visível. O prána não tem nenhuma forma, enquanto o corpo tem uma forma. Existe, porém, o princípio átmico, que confere todas as potências à força vital (prána).
Devido ao poder conferido pelo Átman, a força vital pode ativar o corpo. O corpo é inerentemente inerte. Ele é constituído por diferentes tipos de substâncias materiais.

As três potências no Homem
No Gayatri Mantra, a primeira linha é: “Om bhur-bhuvah-swaha”. Se presume que esse mantra se refere aos três mundos: a Terra, o mundo intermediário e o Céu (ou Swarga, a terra dos deuses). Bhur se refere ao corpo. Esse é composto de cinco elementos (pancha bhutas). Esses cinco elementos constituem a Natureza (Prakriti). Existe uma relação íntima entre o corpo e a Natureza. Os mesmos cinco elementos que estão na Natureza também estão no corpo. Bhuvah é a força vital que anima o corpo (prána-shaktí). Mesmo que a força vital exista, sem jñána (consciência) o corpo não tem utilidade. Com base nessa explicação, os Vedas declararam:
Prajñánam Brahma
"A Consciência Integrada Constante é Brahman".
(Verso em Sânscrito)
Devido à presença do Prajñána, a força vital pode animar o corpo. O corpo representa a matéria inerte. A força vital opera no corpo como uma vibração.
Essa vibração deriva do poder de Prajñána, que encontra expressão na radiação.
Portanto, o corpo, a força vital e o Prajñána estão todos no Homem. O Cosmos inteiro está presente, em miniatura, no Homem. Por causa desses três constituintes, somos capazes de ver o Cosmos e vivenciar muitas outras coisas. Toda potência está dentro de nós. O externo é um reflexo do Ser Interno.
Conclui-se disso que a verdadeira humanidade (mánavathvan) é a própria
Divindade (Daivathvam). Por isso, os Vedas declaram que o Divino aparece na forma humana. Todo ser humano é inerentemente Divino, mas, devido ao seu apego ao corpo, ele se considera um mero homem.
Como esse corpo humano é animado pela força vital? De onde proveio essa força vital? É do Átman-Shaktí (o poder do Ser – Self). Fazendo uso desse poder do Ser, a força vital realiza todas as atividades.

Tríplice aspecto do Gáyatrí
Quem é Gayatri? Gayatri não é uma deusa.
Gayatri chandassam mata
"Gayatri é a mãe dos Vedas".
Gayantham trayathe iti Gayatri
"Gayatri é aquilo que redime o cantor do mantra".
(Verso em Sânscrito)
Gayatri está presente onde o mantra é entoado.
Gayatri, entretanto, tem três nomes: Gayatri, Sávitri e Saraswatí. Essas três estão presentes em cada indivíduo. Gáyatrí representa os sentidos. É quem controla os sentidos. Sávitri controla a força vital (prána). Muitos bharatiyas (indianos) estão familiarizados com a história de Sávitri, que trouxe de volta à vida o seu marido morto, Sathyaván. Sávitri quer dizer Verdade. Saraswatí é a deidade que preside o dom da palavra (vák). As três representam pureza de pensamento, palavra e ação (thrikarana suddhi). Embora
Gayatri tenha três nomes, todos os três estão presentes em cada um de nós como: os sentidos (Gayatri), o poder da palavra (Saraswatí) e a força vital
(Sávitri).

Diz-se que Gayatri tem cinco faces e, portanto, se chama panchamukhi. Existe no mundo alguém com cinco faces? Não. No Ramayana, Rávana é descrito como tendo dez cabeças. Se realmente ele tivesse dez cabeças, como poderia ele se deitar na cama ou mover-se de um lado a outro? Esse não é o significado interno dessa descrição. Diz-se que ele tinha dez cabeças porque ele
dominava os quatros Vedas e os seis Shástras. De maneira semelhante, Gayatri é descrita como tendo cinco faces. As cinco faces são: “Om” (o Pranava) é a primeira face. O princípio do Pranava representa as oito diferentes formas de riqueza (ashta-aiswarya). A segunda face é “bhur bhuvah swaha”. A terceira é: “thath savitur varenyam”. A quarta é: “bhargo devasya dhimahi”.
“Dhiyo yo nah prachodayaath” é a quinta face. Quando o Gayatri Mantra é entendido dessa maneira, será notado que todos os cinco aspectos do Gayatri estão dentro de cada um de nós.

O poder do Gayatri Mantra
O Gayatri Mantra tem os três elementos que figuram na adoração de Deus: descrição, meditação e oração. As primeiras nove palavras do mantra representam os atributos do Divino: “Om bhur-bhuva-swaha thath savitur varenyam bhargo devasya”. “Dhimahi” pertence à meditação (dhyána). “Dhiyo yo nah prachodayaath” é a oração ao Senhor. O mantra é, conseqüentemente, a oração a Deus para conferir todos os poderes e talentos.Sarvaroganivárini Gáyatrí
"Gayatri é quem cura todas as doenças".
Sarvaduhkha parivárini Gáyatrí
"Gayatri repele toda a miséria".
Sarvaváncha phalasri Gáyatrí
"Gayatri é quem satisfaz todos os desejos".
(Versos em Sânscrito)
Gayatri é quem doa tudo o que é benéfico. Se o mantra é cantado, vários poderes se manifestarão no indivíduo.
Por conseguinte, o Gayatri Mantra não deveria ser tratado com pouco caso. No nosso processo de respiração, o som do Gayatri é parte integral dele. O som é uma lembrança da nossa verdadeira forma. No processo da respiração temos a inalação e a exalação. No Yoga-Shástra, a inalação é chamada de púraka e a exalação é denominada rechaka. Manter o ar respirado é chamado kúmbhaka.
Quando o ar é inalado, o som produzido é So-o-o. Quando ele é exalado, o som é Ham-m-m. So-Ham... So-Ham...(1). So é That (Isso).Ham é “eu”. “Eu sou That (Isso)”. “Eu sou divino”. Cada ato de respiração proclama isso. Os Vedas declararam a mesma coisa nos pronunciamentos:
That thwan asi
"Isso tu és".
Aham Brahmaasmi
"Sou Brahman".
Ayam Atma Brahma
"Este Átman é Brahman".
(Versos em Sânscrito)
Não imagine que Deus é algo distante de você. Ele está dentro de você. Você é Deus. As pessoas querem ver Deus. Sathyam jñánam anantham Brahma, dizem as
Escrituras. A Verdade é Deus. A Sabedoria é Deus. Ambos estão presentes em toda a parte. Elas transcendem as categorias do tempo e do espaço. A Verdade é aquilo válido em todos os tempos: passado, presente e futuro. Essa verdade é Gayatri.
Gayatri é, assim, o residente interno do coração (hridaya). Hridaya contém a palavra daya, que quer dizer compaixão. Existe a compaixão em cada coração.
Mas em que proporção ela é demonstrada na vida real? Bem pouco. Durante todo o tempo, somente a raiva, a inveja, o orgulho e o ódio são manifestados.
Essas más qualidades não são naturais ao ser humano. Elas são opostas à natureza humana.
Foi declarado que quem se baseia somente na mente é um demônio. Quem se baseia no corpo é um animal. Quem segue o Átman (o Ser) está dotado divinamente. Quem confia no corpo, na mente e no Átman é um ser humano. A humanidade é a combinação de corpo, mente e Átman. O Homem deveria se esforçar por ascender ao Divino e não descer à natureza demoníaca ou animal.
O dever dos pais
Doravante, os pais deveriam ensinar aos filhos histórias com conteúdo moral.
Todos sabem em que condição caótica o mundo de hoje se encontra. A desordem e a violência correm desenfreadas por toda a parte. A paz e a segurança não se encontram em parte alguma. Onde pode-se encontrar a Paz? Ela está dentro de nós. A segurança também está dentro de nós. Como pode a insegurança ser removida e a segurança assegurada? Através do abandono dos desejos. Na
linguagem dos bharatiyas (indianos) de outrora, este foi denominado vairágya (abandono, renúncia aos apegos). Isso não quer dizer abandonar a casa e a família. Como estudante, aferre-se aos seus estudos. Como profissional, mantenha-se fiel aos deveres da sua profissão. Não se entreguem a excessos de tipo algum.
Na prática do Gayatri Mantra, o indivíduo deveria compreender que tudo está do indivíduo e de tal modo desenvolver a confiança no Ser. O Homem hoje é sacudido violentamente com dificuldades porque ele não tem confiança no Ser. O aspirante na senda espiritual está destinado a enfrentar as dificuldades causadas pelos seis inimigos: a luxúria, a raiva, a cobiça, a paixão, o orgulho e a inveja. Ele tem que superá-los.

Apelo aos estudantes
Estudantes! Numa ocasião auspiciosa como esta, vocês deveriam considerar como poderiam levar uma vida ideal. Pela fé em Deus, vocês têm que santificar o corpo. Sem o corpo, vocês não podem experienciar a mente e o intelecto. Para alcançar os seus ideais, o corpo é um instrumento. Ele deveria ser mantido em condições adequadas. O corpo é um instrumento. Porém, quem utiliza o instrumento é o Ser. Todos os órgãos dos sentidos funcionam
por causa do Átman. O Átman é a testemunha de tudo. Ele também é conhecido como Consciência. A Consciência deriva a sua sanção do Divino. Ela é parte do Divino.
Todo ser humano é uma centelha do Divino, como declarado na Gita. O ser humano é basicamente divino, mas tende a se esquecer da sua origem divina. O Gayatri Mantra é suficiente para proteger a pessoa que canta, porque o Gayatri personifica todas as potências divinas. É um requisito fundamental para os jovens, porque lhes assegura um futuro brilhante e favorável. Os jovens estudantes são os cidadãos e os líderes de amanhã. Portanto, eles deveriam desenvolver pensamentos puros e nobres. Os pais também deveriam alimentar tal desenvolvimento.

A proximidade de Deus
A Cerimônia do Upanayanam foi concluída. O Gayatri Mantra foi dado a vocês.
Vocês estão usando o cordão sagrado com três fios atados a um nó. Os três fios representam Brahmá, Vishnu e Maheswara (Shiva). Eles também representam o passado, o presente e o futuro. Upanayana quer dizer proximidade de Deus.
A proximidade de Deus permitirá que se livrem das suas más qualidades e que adquiram as virtudes.
Estudantes! Os Vedas enfatizaram três deveres: honrar a mãe como Deus, o pai como Deus e o mestre como Deus. Tenham em mente esse preceito. A gratidão aos pais é o seu dever primordial. Essa é a lição ensinada por Sri Rama.

Amem os seus pais e lembrem-se de Deus. Quando vocês contentam aos seus pais e os fazem felizes, as suas vidas inteiras estão repletas de felicidades.
Cantem o Gayatri tão seguidamente quanto possível. Se vocês cantam enquanto no chuveiro, o seu banho será santificado. Da mesma maneira, cantem-no antes das refeições. O alimento torna-se, então, uma oferenda ao Divino.
Desenvolvam uma sincera e profunda devoção a Deus.

(1) Sai Baba demonstrou como isso ocorre enquanto inalava e exalava o ar.

1 comentário:

Keila disse...

Ola, boa noite.

Estou cantando o mantra Gayatri, exatamente pra melhorar
minhas qualidades como ser humano e deixar alguns defeitos
que me incomodam e não consigo deixa-los. Porém desde que comecei a entoar esse mantra respeitosamente,
sinto que meus defeitos se intensificaram...No momento que estou meditando, me sinto muito bem e fico muito feliz!
Só que no decorrer do dia, percebo que estou cometendo os erros que tanto me magoam. Fico muito triste com isso...
O que pode estar acontecendo?