sexta-feira, 23 de novembro de 2007

MALEDICÊNCIA NÃO FALES MAL DE NINGUÉM

Toda pessoa não suficientimente realizada
em si mesma tem a instintiva
tendência de falar mal dos outros.

Qual a razão última dessa mania de maledicência?

É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.

Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.

A imensa maioria dos homens não está em condições
de medir o seu valor por si mesma.
Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.

Esses homens julgam necessário apagar as luzes
alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz.

São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite,
porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.

Quem tem bastante luz própria não necessita apagar
ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.

Quem tem valor real em si mesmo não necessita
medir o seu valor pelo desvalor dos outros.

Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita
chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.

As nossas reuniões sociais,
os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.

Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor
- algo parecido com whisky, gin ou cocaína -
que uma pessoa de saúde moral precária
facilmente sucumbe a essa epidemia.

A palavra é instrumento valioso para o
intercâmbio entre os homens.
Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.

Poucos são os homens que se valem desse
precioso recurso para construir esperanças,
balsamizar dores e traçar rotas seguras.

Fala-se muito por falar, para "matar tempo".
A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade,
em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.

Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras
dirigem conflitos e resolvem dificuldades.

Falando, espíritos missionários reformularam
os alicerces do pensamento humano.

Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões,
enceguecidas, que se atiraram sobre outras nações,
transformando-as em ruínas.

Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.

Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel.

Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio.
São enfermos em demorado processo de reajuste.

Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso,
não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre,
infelicitando e destruindo vidas.

Pense nisso!

Desculpemos a fragilidade alheia,
lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.

Evitemos a censura.

A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno.

Se desejamos educar, reparar erros,
não os abordemos estando o responsável ausente.

Toda a palavra torpe, como qualquer censura contumaz,
faz-se hábito negativo que culmina por envilecer
o caráter de quem com isso se compraz.

Enriqueçamos o coração de amor e banhemos
a mente com as luzes da misericórdia divina.

Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas,
"a boca fala do que está cheio o coração".

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