domingo, 22 de abril de 2007

Relógio da vida

Os ponteiros do relógio estão em cada quarto,
em cada quarto uma razão de viver,
os minutos somam a respiração,
o sangue faz os segundos ir ao cérebro,
a cada uma morte, um nascimento.


O corpo é feito em horas de trabalho,
os décimos constroem células aos milhares,
cada milésimo é uma fibra que amarra a outra,
até que o corpo se cobre de carne e calor,
os dedos se movem, antes, o coração.


Os ponteiros não param, sobem e descem,
os anos não param, somam e somem,
os dias amanhecem cada dia mais tarde,
as noites já não são de fazer amor
e o sol tenta derreter pedaços da lua minguante.


A cada segundo as palavras se jogam da boca,
os medos mordem o coração até provocar vômitos,
nos pés saltos enormes que mal se equilibram
no desejo insustentável de correr e beijar a boca,
mas é dia e os ponteiros não param.


Apenas um relógio marca as horas da sua morte,
é como caminhar em direção ao nada e apagar,
somos velas acesas expostas ao vento,
não mais importa o norte ou o sul,
na vida seguimos somente a direção dos ponteiros.

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