terça-feira, 24 de abril de 2007

DUAS MULHERES NUMA SÓ


Ela vai poder lhe oferecer a juventude,
a alegria de viver,
mas isso eu também vou poder.
Minha jovialidade mora no meu espírito,
se alastra pelo meu coração,
mas é óbvio que na minha expressão
muitas marcas já existem
e no meu corpo elas crescem e resistem.
A lei da gravidade é implacável
e na juventude ela é, de forma inexplicável,
invisível e inexistente.
O que eu acho mais coerente
é que você avalie com muita atenção
tudo que ela já lhe disse e eu ainda não.
Eu e ela entrarmos nessa disputa seria covardia
pois, apesar de rivais, somos parceiras
vivemos em sintonia e somos companheiras.
Ela, sem dúvida, é especial,
é degustável até com pimenta e excesso de sal,
possui o dom de fazê-lo sorrir,
mas eu sou capaz de, ao vê-lo se ferir, logo lhe acudir.
Ela, com todo aquele seu desligamento,
clareia todos os seus momentos,
enquanto eu apaziguo os seus sofrimentos.
Ela o faz sentir que a vida é sonho, não parece de verdade
e eu o arrasto toda hora pra realidade.
Ela nunca vai amadurecer
e, no entanto, eu cada vez mais vou envelhecer.
Ela é uma flor delicada que precisa de proteção
e eu sou a rocha que sustenta as dores do seu coração.
Sim, somos absurdamente diferentes,
chega a ser altamente indecente
você ter que escolher entre eu e ela.
Ela é a tinta e eu sou a aquarela,
ela colore e eu ofereço a ferramenta
para que ela torne a sua vida mais bela.
A tinta, em qualquer obra, por todos é notada,
a aquarela somente pelo artista pode ser apreciada.
Então, se pra você está sendo tão difícil escolher
com qual das duas prefere ficar eu só posso lhe dizer
que ambas possuem coisas muito boas pra lhe dar,
coisas que qualquer homem iria adorar.
O tempo de vida que cada uma de nós têm pra lhe oferecer,
em se tratando de cronologia, nenhuma diferença vai fazer
pois quando uma se for a outra não terá como sobreviver,
embora da sua memória e do seu coração
jamais elas poderão desaparecer.

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