sexta-feira, 20 de abril de 2007

Apelo

Vou colhendo de minha vida todas as derrotas,
assustada, eu sigo alimentando o fio das certezas,
e então, prostrada nessa imensa fila de tristezas,
sorteio ao dia o gris papel da contorcida bancarrota.


Ouço o duro hino ao não, e da parede envelhecida,
vejo um triste mosaico na pintura agonizante,
retratando tais anseios com tristonho horizonte
confessando à prece a minha história repetida.


Sorvo o gole negro empurrando a sobra da migalha,
amargando a corda na garganta um tanto sofrida;
se um sentimento condecora a ousadia dos suicidas,
por conseguinte, o pulso foge aos riscos da navalha.


Clamo a esperança deslumbrante de um arcanjo revesso,
quem sabe o milagre ao vão nascido nos nascidos vãos,
mas meus estilhaços tão cansados vêem o pó do chão
... ironizando o vácuo tão descrente do meu gesso!

Sem comentários: