Aqui dentro, é tudo escuro, mas pode-se ver com grande clareza.
A água é limpida e sem turbulências.
Não há guerras, não há fome, não há inveja, nem egoismo, nem submissão.
Antes, sim, uma relação perfeita.
Paz é a palavra de ordem, respeito mútuo é o lema.
A vida eclode a cada segundo: Os sonhos ganham alturas, a mente é livre, o corpo é puro.
Os movimentos são doces e leves e em perfeita harmonia de um para o outro.
O fruto caminha seguro para a maturidade plena.
O conjunto é perfeito, do criador para a cria ou da cria para o criador.
Não se sabe, ao certo, o momento exato do começo e nem do seu desfecho, mas esse momento chega seguro.
O desenlace é tão natural quanto a ligação de antes. A corda se rompe e deixa a vida de cada lado, em cada extremidade sua a pulsar.
O choro... é emoção pura, é cheio de vida. O riso é franco, a carícia é única.
A mão que afaga é só emoção, o canto da voz embala e acalma o choro que quer se esboçar.
No silêncio interior é proclamada, em alta voz, a maternidade!
Mãe, foi de você que recebi as primeiras vibrações, o primeiro sobressalto, a primeira sensação de luz e segurança. Foi em você que escondi meus primeiros medos e esbocei meu primeiro sorriso.
Foi em você que dei meu primeiro pontapé, minha primeira espreguiçada, minha primeira investida para atingir o exterior. Foi para você que trouxe a indisposição, o corpo pesado, o cansaço fácil e muitas vezes a discriminação pela sociedade.
Foi de você que roubei o sono, agitei o coração e provoquei a lágrima escondida. Foi você que me ofereceu o seio, sem reservas, bem alimentada estava ou não, que trocou-me a roupa suja e pegou firme a minha mão a direcionar meus primeiros passos.
Foi você que socorreu-me à primeira queda, cuidou-me a ferida e velou meu sono agitado pela febre. Foi você que ensinou-me as primeiras palavras e juntou-me as mãos para uma primeira serena oração.
Mãe, mãe do pequenino e do grande, que aceita o travesso e compreende o imaturo. Mãe, não sei bem a que clamá-la... a artista ou a obra prima. Mãe, mulher por inteiro, o mistério da vida a tocar seu ventre fecundo.
Mãe, um sopro divino a roçar nosso rosto e a nos tornar, eternamente, crianças e filhos. Mãe, terra fértil a semear prosperidade.
Tomara, lá do alto, Deus esteja a ver um pouco de Maria na Mãe forte e feliz, na Mãe já com as mãos trêmulas e andar lento, na Mãe legítima e, muito especialmente, naquela Mãe cujo filho não gerou.
Tomara, que Ele dê forças à mãe que não pode mais abraçar seu filhos nem ouvi-lo mais chamá-la... MÃE!
Tomara, Ele dê forças ao Filho que também, nao pode mais abraçar sua Mãe e ouvi-la, docemente, responder... FILHO!
E tomara Ele perdoe... perdoe... perdoe... aquela que se negou a se Mãe... um dia.
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