Era no nosso velho sobrado,
com paredes caiadas, agora amareladas,
riscadas com frases de um antigo jovem apaixonado,
aqui acolá, um coração com uma lança, desenhado.
O Casarão ficava na pracinha do coreto
onde nas noites de quinta-feira uma orquestra
executava músicas do passado...
Ouvia-se Bach e Chopin,
Desfilava grupos de meninas-moças sensuais
com seus lábios de carmim,
no cabelo, via-se de cada lado, um lacinho de fita,
elas iam em busca de um paquera, naquele tempo,
"príncipe encantado".
Dentre elas estava aquela dos meus sonhos
e eu, lá, todo arrrumado, ai quem de dera,
que ela olhasse pra mim,
Eu pensava, assim, olhando pra ela...
Ouvia-se de uma "amplificadora", do alto dum pédio,
Abismo de Estrelas, de Dilermando Reis,
executado num harmonioso e triste violão,
aquilo mexia e enternecia o meu coração,
me deixava enlevado cheio de paixão
Por aquela, dos meus sonhos...
Todas as semanadas nas quita-feiras
Era um momento esperado,
o do reencontro com aquela dos meus sonhos,
pulsava nervoso o meu coração apaixonado.
Encontravam-se os nossos olhares e, ruborizados,
trocávamos sorrisos, eu sentia acelerar-se
meu coração, o mesmo, com certeza
acontecia com ela.
Um dia mandei para ela uma flor,
tirado de um pé de margarida,
como toda margarida, era branca a sua cor,
ela olhou, uma lágrima deslizou, pelo seu rosto,
sem sentir como se estivesse distraída,
correu e me abraçou... alí se iniciou
uma longa história de amor.
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