Já repararam como a gente vive correndo pra tudo? Estamos sempre atrasados. Todo mundo quer tudo pra ontem. Não se tem mais tempo de ficar conversando simplesmente jogando conversa fora.
Até para comer não se tem tempo. Engole-se qualquer coisa, mesmo de pé. Em muitas lanchonetes agora têm mesinhas bem altas onde se pode comer sem se sentar.
E vamos engolindo e empurrando as coisas de barriga porque não temos tempo nem de digerir as informações que obtemos todos os dias. Se tentamos brecar e andar na marcha lenta somos olhados com desconfiança, tratados como doentes.
Essa pressa indiscriminada gera a angústia de querer mais e sempre mais. Não se fica satisfeito quando se está de pernas pro ar. A consciência martela e o complexo de culpa aparece por não se estar produzindo nada.
É uma cobrança geral: "O que você está fazendo de bom?". Não se pode simplesmente curtir o nada-fazer-nada-pensar. Tem sempre algum pentelho querendo cobrar ação e cutucando a gente.
Essa ansiedade generalizada e a síndrome do pânico que afetam tantas pessoas são geradas por essa eterna cobrança em se fazer de tudo a toda hora com a maior rapidez.
Quem não tem essa hiperatividade ligada não consegue acompanhar o mundo e se sente carta-fora-do-baralho. Daí as angústias e a insatisfação consigo mesmo.
Eu já me senti assim. Já tive distúrbios psicológicos em função disso. Já tive insatisfação generalizada, síndrome do pânico, depressão, medo de tudo. Não conseguia me adaptar a essa correria desenfreada dos dias atuais.
Hoje, ando na "banguela" sem medo. Todos irão para o mesmo lugar um dia. Não adianta correr mais. Puxo o freio-de-mão de vez em quando e penso na vida, pois viver e sentir que se está vivo é que é o "grande barato”.
Hoje, deixo para amanhã o que não consigo fazer na hora. Sem culpas. E embora eu me pegue na corrida de vez em quando, tenho curtido meus momentos com mais intensidade. E repito: sem culpas!
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