O meu sonho não era um dia de sol,
não como gelo que acumula na cordilheira,
nem morno como a água que corre lenta o corpo
ou os suicidas que dizem adeus à vida.
Não preciso da lua para viver,
quero falar d'outro dia, da fome,
dos homens que fecharam o caminho,
dos deuses que não me deram coração.
Condenem-me por não estar vivo,
por ser naturalmente sentimental,
aos que me odeiam, não peço que me amem,
não quero transformar o mundo pra meu prazer.
Vou escrever a fogo no azul do céu de ontem,
quero que me leia quando amanhecer,
não sinto falta da juventude que me roubaram,
nem o peso dos anos que deixei de amar.
Talvez um dia saberei a sensação de voar,
caminhar em nuvens dos sonhos de criança,
cravar no coração um amor que não me roubem,
plantar e colher sementes de tudo que aprendi.
Quando o sol baixar perto da noite, quero amor,
um corpo quente que me acolhe dentro,
uma boca que me beija com gosto de paixão,
algumas palavras de carinho pra chegar o sono.
Sem comentários:
Enviar um comentário