Água faz sombra no céu de sol,
é tarde o dia de acordar pra vida,
fala da paz que dorme na rede
como se fosse pedaço de pau seco.
O sol rasga a caatinga afora,
como se não tivesse seca
o sertanejo caminha sob seu chapéu de couro,
como se fosse rei, como se fosse dono.
O sossego passou a noite fora,
voltou navegando o rio de Francisco,
nas margens, bocas beiram a fome
e criança chora pedindo pai.
O gavião voa nuvens que não cai,
não existe teto que cobre a cabeça,
um santo de pedra olha de cima da bengala,
como se fosse rei, como se fosse dono.
O pé de arvore não apodrece da chuva,
não existe água pra cair,
não tem reza que chega no Deus
ou não tem Deus que escuta a reza.
O silêncio pára no meio da sepultura,
chora a terra vermelha de sangue,
a chuva não desce e mais um anjo sobe,
como se fosse rei, como se fosse dono.
Sem comentários:
Enviar um comentário