Hoje faço-me silêncio.
Excepcionalmente hoje,
que me estanquem nos lábios
as correntes das palavras
que não digo nem escuto.
Sequer o mar longínquo
me segreda murmúrios
de terno aconchego.
tudo está calado, como se o vazio
contivesse o soído na noite.
o sol brilha, no entanto
e desfere profusamente
correntes de oiro descoberto,
mas de tão banal e gratuito
passa desapercebido.
os homens decidiram
envenenar os rios de mercúrio
revirando nas mãos combalidas
as vísceras da terra descarnada
buscando o brilho na poeira
com que revestem a vaidade alheia,
a levantar a cabeça e aspirar fundo
o aroma das florestas refulgindo
... portanto remeto-me ao silêncio
e busco que correntes de lágrimas
me desenxovalhem o rosto.
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