quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Se o silêncio é de oiro

Hoje faço-me silêncio.

Excepcionalmente hoje,

que me estanquem nos lábios

as correntes das palavras

que não digo nem escuto.

Sequer o mar longínquo

me segreda murmúrios

de terno aconchego.

tudo está calado, como se o vazio

contivesse o soído na noite.

o sol brilha, no entanto

e desfere profusamente

correntes de oiro descoberto,

mas de tão banal e gratuito

passa desapercebido.

os homens decidiram

envenenar os rios de mercúrio

revirando nas mãos combalidas

as vísceras da terra descarnada

buscando o brilho na poeira

com que revestem a vaidade alheia,

a levantar a cabeça e aspirar fundo

o aroma das florestas refulgindo


... portanto remeto-me ao silêncio

e busco que correntes de lágrimas

me desenxovalhem o rosto.

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