quarta-feira, 5 de novembro de 2008

PUDESSEM PINTAR

Ajoelho-me a teus pés
despojado de qualquer vaidade!
Tomba aqui mais um machão!
Sangro a alma nesta tua despedida,
tento ainda segurar-te pelas mãos.
Se pudesse descrever esta triste cena,
qualquer pintor em tela a óleo,
destacaria duas lágrimas de sangue, a cor
despencando dos meus tristes olhos.
Nesta tua despedida, pudesse alguém pintar
uma espada me ceifando a vida com tuas
próprias mãos,
no beijo dado em tua partida,
transfixando meu coração...
Mostraria aos valentes!
E quando sais por aquela porta?
Pudesse alguém pintar meu grito...
O desespero que senti, o quão pequeno
me tornei...
Pudesse alguém pintar o momento
exato em que criança eu me tornei,
o machão que, em prantos, abandonei...
Mostraria aos valentes
de corações cristalizados...
E, quando partes, pudessem pintar
cacos meus esparramados!
Nesta dor que mais ninguém sente,
ninguém foge de amar um dia...
Ninguém!
Ainda que descubra tardiamente!
Ah! Pudessem pintar esta tela sem preço...
Um rio de lágrimas, um mar...
Um machão pelo avesso!

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