quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Vai, filho!

Vai, filho, nem queiras olhar para trás,
aqui somente resta a saudade...
Deixa-a comigo, não te preocupes, não tens mais a tenra idade!
Vai, filho, é hora da faculdade !

O que te importa ? Os patins?
O jogo de botão estará guardado!
A bola é o mundo que te espera...
Vai, filho, logo estarás formado!

Apenas não me olhes, entende !
Para um pai o filho nunca cresce...
Até que a gente perca o costume,
haverá sempre uma vela na noite
que escurece!

Ainda escutarei os teus passos,
como se tua alma ainda estivesse
aqui...
Talvez, ainda vá em teu quarto e
querendo logo te cobrir...

Vai, filho, tens que seguir!
Creceste, já és um rapaz...
Tem, coragem se, lá distante,
te atormentarem os temporais!

Ainda estarei ao teu lado...
Jamais deixaria de estar!
Vai, filho, meu filho amado...
Foste feito prá voar!

Apenas não me olhes, parte !
Os caniços estarão esperando...
Quem sabe em teu regresso,
um doutor comigo estará pescando?

Ah, filho, filho amado...
Estarei sonhando?
Ontem tuas primeiras palavras,
ainda ontem caminhavas,
levaste o primeiro tombo...

Ainda ontem me escondias os boletins,
a temida reunião de pais...
Nas enxurradas jogavas teus barquinhos,
nas tardes de temporais!

Hoje, eu quem fico no passado e ao futuro
és tu quem vais?
Ah, filho, é a lei da vida,
só não olhes para trás !

Deixa eu cá com a saudade,
e a angústia toda de um pai !
Com as lágrimas que tento esconder,
ah, filho, vai !

Que tu regresses realizado,
que sejas um homem honrado e
tragas um diploma em tuas mãos !
Não te preocupes, o pai é sempre mesmo
bobo e só escuta a voz do coração...

Sabes o que é?
É tão pouco um aperto de mão
para tanta distância!
Façamos um trato?
Deixa comigo a criança!

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