Ah, manhã que desperta preguiçosa,
ainda envolta nos braços da madrugada!
Te cobre a neblina,
como um lençol de fina gaze,
do qual te libertas languidamente...
Penso que neste momento
adentras as frestas da janela
do quarto,
onde jaz adormecido o meu amado
e em seus lábios depositas o beijo
que não lhe posso dar...
Teus braços alcançam o corpo inerte
cobrindo-o de carícias voluptuosas...
Ah, como eu quisera
que ao invés dos teus,
manhã,
fossem meus os dedos que tocam
a pele morena,
despertando os sentidos para o amor.
Quisera que seus olhos ao se abrirem
encontrassem os meus
inundados de ternura
contemplando seu despertar...
No entanto, apenas escrevo
este poema inacabado,
não por falta de amor;
não por falta de inspiração,
mas porque tenho pressa
de pegar carona
em tuas asas,
manhã que nasce cheia de luz,
antes que as nuvens,
num acesso de ciúmes,
encubram o sol
que te ilumina e aquece.
e te tornes novamente
cinzenta e triste,
te tornes apenas
mais uma manhã comum
como tantas outras
que acontecem em minha vida
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