terça-feira, 18 de setembro de 2007

POEMA INACABADO

Ah, manhã que desperta preguiçosa,

ainda envolta nos braços da madrugada!

Te cobre a neblina,

como um lençol de fina gaze,

do qual te libertas languidamente...

Penso que neste momento

adentras as frestas da janela

do quarto,

onde jaz adormecido o meu amado

e em seus lábios depositas o beijo

que não lhe posso dar...

Teus braços alcançam o corpo inerte

cobrindo-o de carícias voluptuosas...

Ah, como eu quisera

que ao invés dos teus,

manhã,

fossem meus os dedos que tocam

a pele morena,

despertando os sentidos para o amor.

Quisera que seus olhos ao se abrirem

encontrassem os meus

inundados de ternura

contemplando seu despertar...

No entanto, apenas escrevo

este poema inacabado,

não por falta de amor;

não por falta de inspiração,

mas porque tenho pressa

de pegar carona

em tuas asas,

manhã que nasce cheia de luz,

antes que as nuvens,

num acesso de ciúmes,

encubram o sol

que te ilumina e aquece.

e te tornes novamente

cinzenta e triste,

te tornes apenas

mais uma manhã comum

como tantas outras

que acontecem em minha vida

Sem comentários: