sexta-feira, 30 de março de 2007

ONTEM

Ontem, emprestei as minhas gotas delinquentes
à traição da serpente, ao veneno das horas,
num plágio qualquer, matou-me o dom onisciente,
e a decadência sorria a glória da derrota.

No momento o grisalho arrieiro guia o pedestal
venerando tanto escoar doentio no alheio aquilão,
numa cantaria rude caçoando a virginal...
ontem, a estaca da vaidade ruiu o caramanchão.

Hoje as flores destoantes amortalham o verão,
fazendo escolta à minha tristeza nasce outro dia:
no abrigo sorvo o exílio e bebo da astenia.

Hoje as dores ferem a relva antes da floração,
e o invólucro passa ao lado da ceifa em calmaria,
choram as cores e a vida ousando da minha fantasia.

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