sábado, 31 de março de 2007

Bala perdida

Contam-se os corpos,
contam-se as balas, as crianças,
contam-se as mulheres, as lágrimas,
contam-se histórias e nenhuma esperança.


A menina era virgem criança,
o homem era pai,
a mulher não mais caminha,
a bala se perde, mais uma vida que vai.


Não importa que morro, que cidade,
não tem olhos o povo lá de cima,
a força se esconde incapaz,
como se fossem versos sem rima.


No chão, corpos espalham injustiça,
a bala corta a noite ao meio, não é magia,
ninguém enxuga a lágrima da mãe,
nem pega na mão do órfão do dia.


Enquanto homens descem os morros,
descansa em seu leito a autoridade,
vem espalhando cruzes, arrastando vitimas,
não foi sonho, apenas impunidade.

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