sábado, 17 de fevereiro de 2007

Para Um Violão

Jaz na parede, encostado, aquele que foi testemunha Dos meus loucos amores juvenis, dos meus dissabores, de minhas desilusões, dos meus sonhos mortos, do nó na garganta que sufoca, do cotovelo que se transforma em dor no peito e mata. Jaz, abandonado, seis cordas que dedilhei, no abraço colado ao corpo, de manhã, a tarde,a noite, nas madrugadas solitas, da vida que escolhi, quantas lágrimas soluçamos em tuas notas. Jaz, meu companheiro, solitário e acabrunhado, num canto jogado, meus dedos já não tão ágeis, já não te fazem vibrar como antes. Fizemos tantas serestas, polcas, guaranás, chamamés, fados, em tuas cordas pungentes todos os sonhos que perdi. Meu violão, meu amante, companheiro, vamos voltar à boêmia com novas melodias, cruzar com a lua altaneira, versejando c'as estrelas, beber do orvalho da madrugada na perfumada brisa das campinas, novos sonhos, novas saudades, agora que o tempo já vai ficando tão longo.... e tão tarde.... E eu, - me findo em canção sem melodia, nas enluaradas noites deste sertão.

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