sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A GAIVOTA E O TIMONEIRO

Lá onde o horizonte nasce
de braços abertos para o mar
uma gaivota inicia seu voar
para onde lhe leva o vento.

Rasando vai no azul das ondas
tentando o peixe adivinhar
nas águas pardacentas a nadar
o vislumbre esguio que promete.

Molhada pelas águas a gaivota
uma a uma as penas põe-se a alisar
como um timoneiro de bem navegar
oleando o motor do barco ensejado.

Secas as penas alça voo no céu
enquanto o timoneiro se põe a olhar
granjeando um bom despertar
com o qual bem cedo se fez às águas.

Nisto a nossa gaivota não esmorece
lés a lés desenhando-se no ar
e no preparo único para mergulhar
recolhe as asas coladas ao corpo.

Gaivota e timoneiro no horizonte
buscam ao sol o que é de bom buscar
aquilo porque aquilo foram pescar
ainda mal nascia o dia lá mais em baixo.

Bem alimentada a nossa gaivota
mas cansada de bom esvoaçar
acerca-se do barco para roubar
as redes repletas de peixe amiúde.

Um escarcéu tremendo cerca as redes
são gaivotas que se vão alimentar
do mesmo que a nossa soube esmiuçar
quando do céu se fez ao mar e ao pitéu.

Com a barcaça cheia regressam ao porto
os pescadores com olhos de cansar
quem os seus neles poise o olhar
e logo ali repartem o seu quinhão.

Como uma figura emblemática
a nossa gaivota depois de fasear
as idas e voltas que a souberam levar
à comida, alça voo para não mais se ver.

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