Hoje não deixarei teu rosto
Refletido apenas no espelho da saudade
Nem o rumor das minhas pálpebras
A recordarem de ti
Ou a chama do desejo
Prolongando-se em meus dedos
Preciso me declarar tua
Revelando-te a doçura dos teus olhares
Espalhados em pedaços de mim
Descobrindo-me em carícias perdidos
É através do verso que eu me confesso
E que tu docemente te delatas
Ao romperes os laços dos teus silêncios
Não resistes ao clamor das letras
Quando a ausência de mim te devora
Em minha quietude dissimulada
É a avidez da tua boca
Que despe os meus anseios
Sou assim feito destino
Riscado nas linhas de tuas mãos
E quanto mais me negas
Mais ainda em ti permaneço
És tu que me tiras a fala, o fôlego
Percorrendo intimidades, recantos ocultos
Quando tuas mãos sonham-me
Em meu corpo escuto os teus passos
Toques não consumados que se consomem
Ansiando insones os meus caminhos
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