As águas desciam lenta e calma naquele límpido riacho. Aquela manhã era tão linda! As folhas das árvores combinavam com o verde das minhas esperanças. Meus ideais se faziam claros e resplandecentes como o sol. Naquele curto espaço de tempo, pareceu-me uma eternidade quando via tão transparente minha vida futura, tornar-se uma realidade.
Eu desejava ser livre como os passarinhos que voam no céu, sair, caminhar numa estrada sem rumo, mas que fosse florida, apreciando os abrolhos das encostas verdejantes. Era o anseio da liberdade juvenil, eu queria escalar outros picos imaginários e desconhecidos da vida. Assim foi aclarando meu ideal. Eu queria voar livre como o elegante condor. Eu queria conduzir a vida com liberdade e maestria. Pensava naqueles que faziam parte de mim, minha mãe, meu pai, meus irmãos crianças. Como deixa-los, como troca-los pela liberdade tão querida e almejada? Num repente, uma folha verde desprendeu-se de uma árvore. Olho-a no seu trajeto conduzida pela leve brisa matinal. Aquela pequena folha verde, veio acomodar-se próximo a mim. A Peguei com carinho, e com ternura acariciei-lhe o pequeno caule. Meus olhos naquele instante pareciam brilhar. Ali estava a resposta para minhas dúvidas e minha liberdade, ali estava a resposta para meus anseios desconfortantes. Uma límpida voz parecia eclodir na minha alma a me dizer: Nem mesmo as folhas se libertam das árvores sem que Eu consinta. Naquele instante meus pensamentos claros, elevaram-se aos céus, como fosse uma humilde prece. Senhor! Fazei de mim um instrumento do teu amor, que eu seja como essa folha que se chegou a mim, para fazer a religião de união do meu coração a Ti. Que eu tenha a sabedoria de unir o amor ao coração; Que eu possa fazer a harmonia reinar nos ambientes discordantes, e por onde eu passar, possa deixar um pouco de Ti, impregnado do Teu Amor. Que eu siga o exemplo do Teu filho redentor; Que eu seja humilde como o cordeiro criança e ainda que eu seja um pouco de Ti no amor e na esperança. Onde eu estiver, onde eu for que Tu me sigas de longe, protegendo-me, como se eu fosse a mais delicada folha da Tua árvore Bendita.
A tarde já se punha, quando cheguei em meu lar.
Meus pais já preocupados com minha ausência entregaram-me uma carta. Ali estava a resposta de minha prece e de meus anseios, aquela carta desenhara meu futuro, era um convite para ingressar na escola de cadetes do ar, onde eu iria voar como o elegante condor, apreciar as encostas verdejantes da vida, com sabedoria e amor.
Sem comentários:
Enviar um comentário