segunda-feira, 1 de junho de 2009

BORBOLETAS

Chove...
As gotas da chuva
escorrem pela vidraça...
e caem como uma luva
na jardineira da janela...
Parecem querer que se renove
a vida, que vai e que passa
pelo destino da gente...
Olhando um pouco além, em frente,
vejo, sob as pétalas de uma flor,
oculta, como num coração, o amor,
uma linda borboleta...
É como que mais uma faceta
da mãe nossa, a Natureza
e com tal sinal
se demonstra, se sela
um pacto de devoção
entre a planta e o animal...
regido pela beleza
de um quadro ao natural.

Voltei aos tempos de infância,
quando, então, sem relevância,
borboletas a granel,
esvoaçavam no céu...
eram muitas e eram tantas,
eram tantas quantas
podia a vista alcançar...
o néctar das flores sugar
era seu maior propósito...
mas, como seu irmão vento,
o pólen puseram-se a semear...
fizeram dele depósito
nos jardins de violetas...

E de todas as borboletas,
aquela ali ao relento,
tocou-me mais que as outras,
lembrou-me certas garotas
sem casa a se abrigar...
ao Sol, põem-se a dançar;
à chuva, perdem o intento...
já não podem namorar
e no mercado do sexo ganhar
o que lhes dá o sustento...

Pobres garotas, tão loucas,
que nem sabem amar...
E não são poucas!...
Pobres alegres borboletas,
que como as pobres ninfetas
buscam uma luz pr'as guiar!...
O dia já amanhecia
e a chuva... secara ao ar...
a borboleta, as asas batia,
para seu vôo iniciar.
Na tela, esta poesia!

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