Camarim revestido de falas já ridas,
tapetes de flores e anjos com asas tortas
pendurados nas paredes, antes sem portas,
adornando os silêncios e inventando a vida.
Bordado e cetim; a máquina de costura
remendando os panos, recriando outro carnaval
de regras requebradas, estandarte final,
desfilando a inocência vestida à loucura.
Os dias de hoje são velhos, mudo camarim,
as roupas cerzidas carregam o passado
e as linhas não mais cruzam no mesmo bordado,
atrofiado pelos anos sem mãos, cheios de mim!
Doeu crescer assim; a porta é uma boca medonha
engolindo a fala, estandarte da covardia,
bordando os anos sem cores, e o anjo em atrofia
vai olhando as paredes velhas, antes risonhas.
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