segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Camarim

Camarim revestido de falas já ridas,

tapetes de flores e anjos com asas tortas

pendurados nas paredes, antes sem portas,

adornando os silêncios e inventando a vida.





Bordado e cetim; a máquina de costura

remendando os panos, recriando outro carnaval

de regras requebradas, estandarte final,

desfilando a inocência vestida à loucura.





Os dias de hoje são velhos, mudo camarim,

as roupas cerzidas carregam o passado

e as linhas não mais cruzam no mesmo bordado,

atrofiado pelos anos sem mãos, cheios de mim!





Doeu crescer assim; a porta é uma boca medonha

engolindo a fala, estandarte da covardia,

bordando os anos sem cores, e o anjo em atrofia

vai olhando as paredes velhas, antes risonhas.

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