segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Caixa dos guardados

As minhas mãos vazias escrevem o destino deste amor que já nasceu com tempo para acabar.
E entre as páginas em branco, vou deixando impressas, as lágrimas que enxuguei nas fronhas das noites insones.
Nunca soubestes das minhas agonias.
Mas hoje escancaro as janelas e deixo o sol entrar outra vez para iluminar os meus escondidos...
Fiat lux!
Há tanto para iluminar...
Há tanto para repensar e separar nas caixas que deixei sem um olhar!
Aqui está, num embrulho de papel dourado, o beijo que sempre quis dar, mas que nunca foi dado.
Nesta caixa de papelão tenho os mil anseios que guardei na espera que viesses.
Neste outro embrulho de papel pardo, tenho o choro que ninguém nunca viu. Nem tu... Ficou sempre aqui guardado.
Há também, umas gavetas trancadas. Joguei fora as chaves.
Estas, nunca mais abrirei.
Lá estão as agonias, guardadas lado a lado com a tua ausência.
Tem também a indiferença, o olhar enviezado e o gesto brusco, a palavra dura, o beiço virado.
Não quero isso mais, não!
Mas tenho um tesouro aqui nesta caixinha de música com bailarina na pontinha do pé.
É o teu riso cristalino, o senso de humor refinado, o carinho recebido...
Também guardo um pouco da tua rabugice que me deixava em polvorosa nas manhãs de azuis esperas.
Entre as páginas em branco, (aquelas escritas com minha solidão), tenho uns versos de Cecília que me aquecem o coração...
Releio e olho mais uma vez. Fecho tudo e suspiro.
As caixas dos guardados vão ficar esquecidas por mais um tempo.
Enquanto isso... outros amores virão.

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