segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A CIDADE PERFEITA

Cansado de andar entre muitos que vivem mortos,
Resolvi visitar a cidade dos que mortos...vivem.
Lá , os habitantes-corpos,
Deixaram ir as habitantes-almas
Para os confins do Espaço,
De onde vêem e escutam tudo daqui.

Achei bonita a cidade tumular:
Silenciosa e tranquila...
Longos haustos aspirei em aroma de paz
E as flores traziam-me o gosto gostoso da partida,
Em viagem de surpresa à Porto ignorado.

Os Mausoléus, as Criptas e mesmo as covas,
Pareciam transmitir-me, sem palavras,
A verdadeira mensagem do recomeço
Pois tudo ali cantava sem vibrar canções
E no invisível existir de quem partira,
Não havia distinções:

Brancos, negros, mulatos e amarelos;
Religiosos, ateus, beatos e visionários;
Grãnfinos, maltrapilhos, feios e bonitos;
Gente honesta, ladrões, madames e prostitutas;
Pobres, ricos, mendigos e orgulhosos;
Mandados, mandatários, patrões e operários;
Soldados, generais, chefões e subalternos;
Iletrados, doutores, moços, velhos e crianças,
Igualavam-se ali,
Pois QUEM É QUEM no mundo de ninguém?

Que cidade perfeita!!!
Sem dor, sem inflação, sem trânsito e demandas...
Não se via contendas, tóxicos, maldade,
Disputa de emprego, mordomias, falsidades...
Nem guerras, nem sequestros ou brigas religiosas
E pouco menos corrupção
E destruição da Natureza.
Que cidade perfeita dentro da cidade!!!
As rosas me envolviam em extasiante aroma;
A calma me elevava aos sonhos do Infinito;
O silêncio cantava em voz suave e branda
A canção misteriosa da Eternidade,
Onde todos respiram igualdade,
NA PÁTRIA DO UNIVERSO SEM FRONTEIRAS.

Sem comentários: