sábado, 13 de outubro de 2007

CARTA A UM AMIGO

Eu entendo-te... entenderei?... Entendo a necessidade de termos amigos. Quando a vida nos pesa, são eles o suporte, a ancora que nos cinge e fundeia, mantendo firme convicções e alimentando sonhos. Ou quando falam que estamos a fazer bem as coisas, que tenhamos calma, enfim... tudo isso, ou mostrando-nos o erro. Eu entendo as carências, sejam elas afectivas, sociais ou - também essas - económicas. Entendo que o mundo é muito injusto, de entre o que cada um de nós tem por justo e julga ser direito seu, e que a injustiça se faça recompensar, de que forma for, porquanto seja esse o nosso entendimento. Entendo que amigo e amizade, que é dele por nós, e a que lhe damos, não se exige nem se qualifica, conquista-se por entre falhas e êxitos, que a humildade fica com o Homem. Eu entendo tudo... entenderei a mentira, o ultraje, os fins justificando todos os meios?...
Não! Nunca! Jamais! Eu entendo tudo... entenderei até algum subentendido, jamais o que se move por debaixo da terra, qual verme que lá ficasse, saboreando o húmus de sua exígua existência. Eu entendo tudo... entenderei?
Vade retro, ó impuro! Vinde comigo, ó honestamente humano! que, assim, serei contigo!

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