domingo, 2 de novembro de 2008

A procissão

Carrega, como escombro,
O peso de cada ombro,
Um homem e seu caixão.

Sim! Não!


Passo a passo, o dia turva.
Encostado à vida curva,
Comprimindo a procissão.

Sim! Não!


E um som desamarrota,
Quando os pés viram cambota,
E mais cedo dormem ao chão.

Sim! Não!


Se o horizonte traz sobras,
A morte perpassa as rogas
De um rezador folião.

Sim! Não!


Vai para baixo, ao contrário!
Que nos salve o imaginário,
Céu, estendendo-nos a mão.

Sim! Não!


Procissão das pernas tortas,
A pensar-se gaivotas,
Sem nunca sair do chão!


Sim! Não!

Sim! Não!

Sim! Não!

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