terça-feira, 4 de novembro de 2008

MORRE A PALAVRA E COM ELA O VERBO

Palavras assimétricas, morto o verbo,
resta-me a fixa dureza, das esquinas.

Lá onde tudo é polido, aprumando prédios,
filtrando pedintes e prostitutas, de hora.

Aqui sempre escasseia o sol e o sorriso,
que quem aqui vive, não o sabe, tão pouco.

Não vive, sobrevive, resto de alguma coisa,
amealhando sobras, que a cidade desprezou.

E a palavra vai no vão da virilha das escadas,
conspurcando-se no fétido da ferida cutânea.

Entre doenças terminais, tossindo o asco,
que logrou lugar, longe do olhar do Homem.

E assim chega a morte, descendo as esquinas
e os degraus, trazendo por fim alguma paz.

E os meus dedos são ampolas de sangue,
tingindo a vermelho vivo, minha insignificância.

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