domingo, 9 de novembro de 2008

MAIS UM DIA

Não sou,

Nem maior

Nem menor

Do que ninguém

Me banho deste sol

Bebo desta água

Respiro o éter azul

Desta manhã




Num canto de quintal

Onde a luz de tão verde,

Pincelando os ermos

Expande a voz

De um canário

Que se fragmenta inteira

Entre os ruídos do cotidiano



A cidade espreguiça-se...

Recebo um beijo de hortelã

Num murmúrio gutural

De um bom dia sonolento

Mais um dia se inicia...



Na cozinha

Os aromas se misturam

Se mesclam com as palavras

Nas novidades anteriores



Pela janela vislumbro

As folhas verdes

De um jovem pé de frutas

Me debruço

Lendo as coisas

Numa brisa transeunte

Que dali se avizinha



Volta para mim

O indesejado cenário

Algo de saudoso me angustia

Uma canção talvez

Denunciadora...

De um amor adormecido

Entre as dobras do tempo...



E a soma de meus dias

Ponte triste

Extravaza

Em ruidos lacerantes

Minha dor de ser impotente

De um canto mais diuturno

Menos frágil

Mais sentimento

Menos parecido contigo.



E respiro a vida

Enquanto tu dormes...

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