Antes que de mim se afaste o monólogo
matando até a morte numa poesia ou drama
enredando as minhas mãos, carências e tramas,
vou sorrindo e chorando o mesmo prólogo.
Antes, pois não há depois no meu prefácio,
ressuscito à vida adoçando outro poema;
se o passado ora não passa duma cena,
no amanhã serei eu um esmaecido epitáfio.
Antes afino eu os bemóis deste interlúdio
no segundo colorido que me resta,
canto à desoras ou prateio as horas destas
minhas mãos musicando o ato num prelúdio.
Mas antes deixo ao animicida o apólogo
retratando tanta fala quem em mim chora,
e sorrio ao pôr-do-sol enquanto a mão jorra
a tinta da tela escoando um monólogo.
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