sábado, 27 de outubro de 2007

As mães de Bagdá

Durante um mês vivemos os horrores

da guerra do Iraque.



Deixou de ser a ficção de um filme

que concorre para um Oscar de Holywood.



Pela primeira vez o mundo inteiro tomou consciência e assistiu perplexo o absurdo do confronto bélico desde a gestação até os estertores do melancólico desfecho.



As manifestações populares se alternavam

na diversidade dos povos e culturas

e a palavra paz foi decantada em todas a línguas

com revoadas de tantas pombas brancas

que levaram a esperança para o infinito.







Por outro lado, no campo da morte, parecia não existir o ser humano.

Ele foi substituído por robôs de um videogame,

ao vivo, onde os comandos implacáveis manipulavam tanques e aviões

a semearem o caos e o luto da morte.



Presenciamos perplexos a alta tecnologia da indústria da morte e a insensatez a que chega

o ser humano quando a obstinação

toma conta de alguém

com as terríveis e inconseqüentes

determinações e justificativas.






Mas, quem ficou com o prejuízo?

Certamente não foram os senhores da guerra

que perderam tanques e aviões,

viram saqueados seus palácios,

derrubadas as estátuas, queimada sua imagem.







Eles simplesmente entraram na história

como loucos e ditadores bandidos...

Como sempre acontece, ficou para os desprotegidos,

as crianças, os jovens, os idosos e,

sobretudo, para as mães.



Uma população inteira vendo suas casas destruídas,

a procurar nos escombros alguma coisa

que ainda restou da história que construíram.







Do outro lado do mundo, na intimidade de seus lares distantes,

quantas famílias americanas e inglesas, viam,

na silhueta de cada soldado, em cada tanque ou canhão, avião ou helicóptero que aparecia nas imagens da TV, imagem do esposo ou pai, do filho, o noivo, do namorado ou de um amigo querido...







E as crianças?

Famintas, feridas, mutiladas,

já não tinham o que chorar e sofrer...



Seus olhos diziam tudo...



Perderam a expressão de alegria descontraída

da inocência da infância.

Invadiram-lhes o coração, a tristeza da dor,

do vazio, do abandono, a falta de esperança.







Será que vamos aprender e tirar uma lição da guerra?



Dessa guerra de um distante Iraque

com seus desertos e campos de petróleo

e da nossa guerrilha quotidiana

com as balas perdidas dos tiroteios,

os ônibus incendiados nas noites e madrugadas,

das agressões e violências dos assaltos?








O mês de maio nos traz a celebração do simbólico

Dia das Mães. sobre os escombros

de tantos lares e famílias entristecidas.

Que ele nos ajude a reverter os sinais de ódio, vingança e desamor disseminado no coração humano.







Mirem-se no exemplo das mulheres de Bagdá...



Com suas roupas austeras,

cabeças cobertas e olhares sofridos,

são as Nossas Senhoras das Dores

que carregam no colo o que restou

dos filhos para restituir-lhes vida!



E a vida só é possível quando houver alguém

que tenha por ela, os mesmos sentimentos

de um coração de mãe!

Sem comentários: