terça-feira, 27 de maio de 2008

Baldes Vazios

Meus olhos estão secos e esquenta a minha alma
Sinto a pele rapuxar os meus músculos, pedindo socorro.
De minha garganta, um som fraco e inaudível, grita baixinho
A secura de minha língua, resiste ao ardor e dor.

Meus pés roça no solo agreste, quente e agressivo.
Queimando num suplício martírio de fé
Meus braços ainda agüenta carregar a esperança
Em baldes de um destino já tão massacrado.

E o velho Chico chegando, devagar e manso
Rompendo barreiras de política e desprezo
Arranhando a terra, cavando veias no agreste
Para chegar em meus braços e me abraçar.

Vem, Velho Chico, umedeça meu corpo, ressecado
Banhe minha alma, já tão castigada, pela seca
Floresça os campos, nos alimentando com ramas
De sementes, abastecendo, minha morada.

Adentre, a minha casa e se sinta em casa
Encha açudes de uma nova vida transparente
E nos trás a esperança de melhores dias
Nesta terra ainda seca do meu agreste.

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