segunda-feira, 10 de março de 2008

Pelas noites

Não estou só na noite,
estou comigo,
ando pelas ruas sem calçadas,
por becos sem gatos,
sou terra de ninguém,
sou como meu coração,
como minha vida, nada,
vou por este mesmo caminho,
moro nesta casa sem paredes,
estou só comigo e com meu coração.


Não quero ser a jaula,
sou o leão, sou felino,
o animal que te agride,
que ataca suas noites,
sou o macho que te toma à força,
mas também o que te ama,
que faz a paixão ser mais quente,
sou o mais forte e o mais terno,
sou a estrada sem acostamento,
sou a grama que não vai crescer,
sou nada de quase tudo que já vivi,
sobrou você em minha lembrança,
sem querer, solto um riso amarelo de mim.


Não posso voltar pelo mesmo caminho,
por isto estou tão só,
faço companhia a ninguém,
me julgo, me jogo, me fixo,
sou o mesmo que nada sem você,
sou o mesmo que nada sem amor,
não sou mais porque nunca fui.

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