segunda-feira, 31 de março de 2008

CEGOS & CATIVOS

Caminhavam juntos por uma arborizada estrada,
onde podiam avistar a tênue linha do horizonte.
A estrada parecia longa e às vezes pedregosa,
mas havia o descanso, na água fresca da fonte.

Ali saciavam seus desejos, suas ânsias incontidas.
Conversavam com as borboletas e os passarinhos.
Aproveitando o momento, alçavam vôo em investidas,
quando o prazer mergulhava fundo em sutis carinhos.

E durante um certo tempo assim permaneceram.
Afinal tudo começara ao acaso, com uma simples faísca,
que lançada certeira, fez fogaréu e as chamas arderam
com tanta e tamanha intensidade, depois de jogada a isca.

Mas parece que não nasceram para ficarem juntos.
Há quem diga que talvez estejam em cármico resgate.
A bem da verdade, não mais tiveram diálogos conjuntos,
e a cegueira do silêncio se fez, sem mais nenhum acicate * .

Da parte dela, ainda houveram algumas tentativas de acerto.
Afinal o que seriam feitos dos vínculos afetivos corrompidos
pelo desentendimento, estabelecido pelo silêncio do desacerto,
trazendo angústia e tristeza aos sentimentos desabastecidos.

Lembrando do "Pequeno Príncipe" ** quando ele fala de sua rosa.
Que é a mais bela de todas, pois cativou para sempre seu coração.
Há que se ter em mente, que a inconseqüência ainda que amorosa,
deixa um amargo gosto de fel, travando o sabor de uma nova relação.

Mas a vida tem todo um dinamismo próprio. Nada fica imobilizado.
Estímulos * outros do meio ambiente nas palavras de mimo e carinho
são como pingos de chuva no coração, que o deixam balsamizado.
Retiram-se os panos da face! Cada um segue seu destino sozinho

Sem comentários: