Vinha eu descendo a ladeira
apreciando as flores
e de repente encontrei um menino
perdido entre os amores.
Perguntei a ele
porque estava tão triste?
Ele então me disse que estava
cansado de amargar a vida.
- Ah, bem respondi...
- É verdade, disto ninguem gosta
mas pense bem, amorzinho
se a vida não te amargar algumas vezes,
como saberás que és feliz
quando ela te encontrar?
- Ela? Disse ele estranhando.
- Ela quem? perguntou de novo.
- A Felicidade, meu anjo,
aquela que todos nós procuramos e
nunca está onde supomos
e ele me disse:
- Já ouvi isso minha senhora,
mas também ouvi que às vezes
está ao nosso lado e não a enxergamos.
- Sim meu doce amiguinho,
às vezes não damos o devido valor,
ou
até mesmo não encontramos respostas
que nos levem a considerar
que realmente somos felizes
do jeitinho que estamos.
- Porisso mesmo, é que precisamos da
vida aprender o amargo, o fel
para que possamos discernir quando
a felicidade é nossa
ou apenas é um reflexo na água
e por nos acostumarmos tanto ao reflexo,
pensamos que somos felizes
e nos contentamos com tudo,
e até choramos muito
se o reflexo nos for arrancado.
- Mas eis que de repente
meu menino esperto,
chega um estrangeiro e nos acena
não com reflexos, mas com certezas,
com a concretude de sentimentos
e a materialização de lindos pensamentos.
- E então meu caro amiguinho,
por termos chorado muito e
amargado longas horas de angústia,
conseguimos enxergar que
a felicidade encontra-se no bem querer,
na ternura e no carinho manifestados,
e não numa ilusão enganadora e cômoda.
- Então minha senhora,
quando o passado amoroso foi uma miragem
o que reservará o futuro?
- Ah, meu lindo, para o futuro a esperança
de um novo horizonte a despontar a cada dia,
repleto de renovadas alegrias,
a fluir como as águas do rio
que nunca passam duas vezes no mesmo lugar,
e serpenteiam à procura do mar imenso
da plenitude do viver.
Lá se foi o menino com seu livro debaixo do braço,
onde pude ler,
enquanto conversava com ele, o seguinte título
"Da arte de ser feliz"
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