sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Tristeza Que Fere

O homem chegou em casa, naquela noite, trazendo o mau humor que o caracterizava há alguns meses. Afinal, eram tantos os problemas e as dificuldades, que ele se transformara em um ser amargo, triste, mal humorado.



Colocou a mão na maçaneta da porta e a abriu. A luz acesa na cozinha iluminava fracamente a sala que ele adentrou. Deteve o passo e pôde ouvir a voz do filho de seus quatro anos de idade:



- Mamãe, por que papai está sempre triste?



- Não sei, amor, respondeu a mãe, com paciência. Ele deve estar preocupado com seus negócios.



O homem parou, sem coragem de entrar e continuou ouvindo:



- Que são negócios, mamãe?



- São as lutas da vida, filho.



Houve uma pequena pausa e depois, a voz infantil se fez ouvir outra vez:



- Papai fica alegre nos negócios?



- Fica, sim, respondeu a mãe.



- Mas, então, por que fica triste em casa?



Sensibilizado, o pai de família pôde ouvir a esposa explicar ao pequenino:



- Nas lutas de cada dia, meu filho, seu pai deve sempre demonstrar contentamento. Deve ser alegre para agradar o chefe da repartição e os clientes. É importante para o trabalho dele. Mas, quando ele volta para casa, ele traz muitas preocupações. Se fora de casa, precisa cuidar para não ferir os outros, e mostrar alegria, gentileza, não acontece o mesmo em casa.



- Aqui é o lar, meu filho, onde ele está com o direito de não esconder o seu cansaço, as suas preocupações.



A criança pareceu escutar atenta e depois, suspirando, como se tivesse pensado por longo tempo, desabafou:



- Que pena, hein, mãe? Eu gostaria tanto de ter um pai feliz, ao menos de vez em quando. Gostaria que ele chegasse em casa e me pegasse no colo, brincasse comigo. Sorrisse para mim. Eu gostaria tanto...



Naquele momento, o homem pareceu sentir as pernas bambearem. Um líquido estranho lhe escorreu dos olhos e ele se descobriu chorando.



Meu Deus, pensou. Como estou maltratando minha família.



E, ainda emocionado, irrompeu pela cozinha, abriu os braços, correu para o menino, abraçou-o com força e lhe convidou:



- Filho, vamos brincar?



...................................................



Não há quem não tenha problemas, lutas e dificuldades. Compete, no entanto, saber administrá-las de forma a que elas não se tornem um fantasma de tristeza, um motivo de auto-compaixão.



Mesmo porque ninguém tem somente coisas ruins em sua vida. Ao lado das lutas constantes, existem sempre as compensações.



Ter um lar, esposa, filhos, família, pais amorosos é o oásis de paz que a vida nos concede a fim de que restabeleçamos as forças para o prosseguimento do bom combate.



A alegria espalha bênçãos onde se manifeste.



A alegria pura contamina os que estão em volta. Por isso, recuperemos a coragem na arena de combate que a vida diária nos impõe e vitalizemos a alegria.



Quem alimenta tristezas cria para si e para os seus um clima de intranqüilidade que gera enfermidade.



Não sejamos semeadores de sombras, antes sejamos como o sol que sorri gentil e tudo ilumina onde se faz presente.

Sem comentários: